Viagem Cinematográfica a Paulínia – Luciana Bezerra
Sempre pensei que para um bom filme é preciso primeiramente ter uma boa idéia. Não que isso seja uma garantia para um bom filme, boas idéias também podem se transformar em um mau filme, mas uma idéia ruim, dificilmente se transforme em qualquer coisa.
No caso do “5x favela – agora por nós mesmos” acho que a idéia tida pelo Cacá, e transmitida a nós, nos proporcionou uma enxurrada de idéias dentro da temática proposta, e as boas idéias evoluíram para um bom filme. Percebemos isso porque o público participa e reage a ele como aconteceu em Paulínia, 3º ano do festival.
Saímos do Vidigal (Eu, Roberta e Cintia) sob forte chuva o que deixou meu marido apreensivo. Não acreditava que embarcaríamos no horário previsto, devido ao mal tempo, mas o vôo decolou sem problemas ou atrasos. Em Campinas estava sol, mas fazendo muito frio. Durante os quarenta minutos feitos de micro ônibus entre o hotel que nos hospedava até o pólo cinematográfico, estava nervosa e temia o público. Com um pouco de atraso chegamos ao Teatro Municipal de Paulínia para a primeira sessão do filme em um festival Brasileiro. Esperamos acabar o curta que antecedia o “5x” na noite (uma pena, gostaria de tê-lo visto) e entramos pela porta lateral. Percebi de cara que o teatro era muito grande, mas só pude ver de verdade e me espantar o quão grande era, já em cima do palco para apresentação da equipe e elenco. Subimos ao palco apresentados pelo Seu Carlos Diegues que rendeu elogios aos atores, a cada diretor e como é um galanteador inveterado me nomeou rainha e Cíntia Rosa e Roberta Rodrigues como as mulheres mais bonitas do Brasil. E estávamos lá, todos em cima do palco. Pude perceber ao olhar devagarzinho para cima o quanto estava cheio aquele cinema. Curtimos esse momento ali no palco. Os representantes do elenco, os diretores, parte da equipe, todos nos integramos à platéia que ao apagar das luzes se entregou ao filme e fez desta sessão inesquecível.
É muito importante o quanto o processo de um filme é de crescimento gradativo. Da idéia ao roteiro, do roteiro as imagens, das imagens a montagem, a finalização, e até ali você exerce sua função de autor, mas a última etapa é aquela que você nada mais pode fazer a não ser torcer que sua obra tenha identificação com o público para que este possa adotá-lo ou não. Nós os pais zelosos nos sentamos nas cadeiras e prestamos todos certamente muito mais atenção nos ruídos do cinema do que no que se passava na tela. E tivemos um bonito espetáculo. Um público que reagiu, torceu, chorou, teve raiva, exprimiu sensações. Pra Muita emoção. Ainda por cima a sorte de poder ouvir todos os comentários, como o filme se apresenta para cada um, os vários filmes que ele é capaz de ser na cabeça de cada pessoa ali naquela noite. E com isso o quanto você aprende sobre ele, sobre a vida e sobre cinema.
Ao término da sessão todos muito animados para ouvir as impressões do público. Que foram de animação e incentivo.
Bom também foi ouvir de pessoas que admiro muito o trabalho como: Sérgio Machado (Cidade baixa, três histórias da Bahia – também longa de episódios e Quincas berro d’água) que me acompanha desde meus primeiros trabalhos como atriz e diretora e poder falar também de evolução artística.
Claro que como eu sou dramática, não pude deixar de sofrer enquanto vi o foco ir embora muitas vezes durante o filme. Tendo se agravado no final.
Mas ele superou os problemas técnicos, que foram apontados em uma ou duas matérias. E estreou feliz em sua primeira sessão competitiva.
Difícil dormir depois disso tudo. Jantar, mais papo, risos, pilha, comemorações, vinho e quando deixei o corpo relaxar foi imediato, dormi.
Vamos aprendendo um pouco mais a cada dia.
Mas ainda tínhamos pela frente um dia de coletiva para imprensa, seminário de roteiro e uma volta para casa tarde da noite.
E isso é só o começo!